A História de Mim e um Passarinho

Tirem suas máscaras!

Revelem os espinhos,

As ervas daninhas

Por trás desses buquês

Sorrindo como fossem

Durar para sempre!

Mostrem que como todos

Cada um sua cruz carrega

Cada uma com seu peso

Físico e emocional.

Por trás de obscuros véus,

Lágrimas de dor,

De remorso, se derramam

Em corações desesperados,

Encharcados no lamaçal

Da desgraça humana!

Ao propagar tão bela lição,

Um passarinho eu conheci.

Junto a mim, já deixou

Muitas almas inebriadas,

Evisceradas naquele momento

De aplausos, sem vaia alguma.

Tinha tudo pra que o canto chegasse

Aos ouvidos e corações

De mais cobaias da sociedade

Egocêntrica e exploradora.

Afinal era por eles

Que a criatura falava mais alto.

Assim como qualquer pássaro,

Tinha um canto suficiente

Pra formar algumas cores

Em meu arco íris até então cinza,

Tendo contato com tamanhos dons

Sem que os ponteiros do relógio

Se movessem tanto assim

As barreiras, os muros mil

Que dominam este pedaço microscópico

De uma das milhares de galáxias

Do Grande Complexo - vulgo Universo.

Tudo isso só servia como obstáculo para os voos,

Tornava o pobre pássaro revoltado,

Farto de ser submetido ao cativeiro.

Queria logo voltar a natureza

Que era o seu destino.

Aquela ave linda

Vigorosa fisicamente

Resolveu um dia alçar voo.

Bicou as grades de sua gaiolinha à força.

Destruiu-a. Abriu suas asinhas

E voou! Se livrou!

Voou para a natureza seguindo o Sol.

Voou para o infinito em busca de socorro.

Voou e deixou marcas da necessidade de amar.

Grata estou pelos minúsculos momentos.

Adeus, adeus!

Cante em nossos corações

A união, a harmonia, a justiça.

Seja livre, voe...

Poema de 2016 em memória de um jovem ator com quem contracenei por um tempo (e que belo tempo das aulas de teatro), e que resolveu terminar a própria vida, JP.