Redoma
Recolhem-se do próprio ego,
Humildemente aceitam-se
Renegados,
Na incapacidade do eu,
De superioridade abstraída,
Guardam-se, despem-se,
No próprio íntimo emudecem
Voltam ás origens, tessituras,
Reflexão prevista
O que mais importa na vida?
Do avesso se pegam
Desconectados das riquezas
e da supérflua vaidade,
Apenas resguardam-se
No sonho que é estar em casa,
Ao lado de quem se ama,
À deriva dos sonhos
Em redoma, se mostram pequenos,
Cacos de vidro,
De volta ao útero do mundo
Numa bolha, bem guardados,
Deixando-se serem soprados,
Talvez por outros ventos de sorte
Que tragam a paz, a vida,
E seres humanamente melhores.
Paula Belmino