A Maria Pondongo
Resto de gente serve apenas para poesia.
Ninguém quer e não tem utilidade social.
Resto de gente é inutilidade poética
Só serve como trampolim para o nada.
Na Lavagem vagou uma mulher que as estórias lhe acorcundaram.
Passava pelas estradas com um lenço amarrado na cabeça e um surrão no ombro.
Silenciosa, ela desfazia o caminho com suas fracas pernas.
A fome lhe fazia companhia.
O abandono lhe preenchia.
Pelas estradas ajeitava entre as rugas um sorriso de início de dia.
Não servia para coisa alguma.
Mas só quando alguém alcança esse grau de desperdício é que pode voar como poesia.