Tarde de sol
Olha lá, menino!
Observa teu sonho ir-se pelos ares como um balão,
Cheio das alegrias que te proporcionaria
E da doçura dos dias que viverias.
Sobe leve e sereno como a manhã
De que desfrutarias amanhã, azulada, límpida,
Se ele tivesse ficado em tuas mãos.
Acordarias e a realidade, carinhosa,
Dar-te-ia de imediato a relembrada novidade.
Sorririas como uma criança,
Abençoando um instante atrás do outro,
Sedento de vida.
Disposto, brincarias de desenhar novos sonhos.
Mas, por um jogo de sinuca dos deuses,
Teu sonho escapou das tuas mãos,
Levantou voo para longe
E jamais voltará para ti.
Olha lá, menino!
Teu sonho cada vez mais longe
Tira de ti uma alegria que jamais terás.
Vai para casa dormir.
Enxuga teus olhos na fronha do travesseiro,
Que tens de encher muitos outros balões
Para colorir o céu imenso.