SEM TÍTULO
O quarto é vazio ao refletir minha imagem e semelhança em cada parede escura. Sento-me no chão, acendo um cigarro e me ponho a não pensar, não olhar, não sentir, não entrar. O dia passa e já é noite e percebo não ter feito nada. Desço, dou voltas pela cidade, ando me perdendo em cada esquina, ontem me apaixonei novamente, mas não era você.
Você nunca foi, sim eu sei.
Amanhã, quem sabe, me apaixono de novo, não por você.
Você nunca é.
Insisto, insisto nessa busca louca, feito transeunte pedido carona na BR. Cada carro que passa me lembra você: sempre indo: embora: efêmero.
Abro os olhos, o quarto ainda é vazio, minha alma é mortal tão quanto minha carne, meus ossos, meu cérebro, meu coração.
Eu não vou te comprar um chocolate na volta do mercado, pensei em comprar antiácido na farmácia, ou antidepressivo. Calma, paixão! vai continuar sempre. Não acaba, ainda que a gente pereça...
Eu também sou vazio, por isso o quarto me reflete.