ERA ELA POR ELAS

Era um proveito que só a ela pertencia, todas suas características era ela por elas. Esse suporte que a vida implica mas não vem com manuais, implica, exige. Sem serventia alguma do dia que viesse, nascia. Era ela por ela, um trago algoz da angústia da liberdade (ser livre ás vezes é maldição).

Sua juventude comporta uma alma idosa e nada foi pequeno durante seus dias; dentro do ônibus avistava sempre mais de uma vida e, em todas ela não fracassaria como agora!

Mantinha poucos espaços e só, somente os cabíveis por natureza ou rebeldia. Derivava de prazeres antigos, arcaicos, herdados à ela, era ela por elas. Uma necessidade inabalável de vencer (nem era isso o maior intento) vencer pra quê.

Porém a tal coitada se enxergava em olhos de terceiros, não era completa porque "outros" a via incompleta, não gostava de sal mas sentia seu gosto como a água do mar, porque "outros" comentavam assim ser, vestia roxo e "outros" entendia azul. Os "outros" é que são certos de si, certos da vida dela, virou seu norte vencer na vida para os "outros".

Na velhice quereria histórias à contar (que velho que não conta história). Não queria ninguém na mesa entreolhando ela com pena, não queria lamúrias e nem dó. Não queria ouvir: "ei agora é descanso né dona... se fez, fez... agora não dá mais".

Agora é sonhar a vida que passou, ninguém mais têm os anos que se diz possuir, eu mal consigo sair da escrita em terceira pessoa, quanto mais permanecer com 23; gosto apenas de um provérbio árabe "vida longa e morte rápida". Viva e deixe viver, quando for a hora, que não sofra. O adeus é dito em vida e a morte é todo o resto de sentido que esses ai fora procuram sempre justificar no velório.