ONDE

onde estão os meus dentes

jogados nas latas imundas da previdência

eles faziam bonito o meu sorriso

sensual a minha boca

espirituoso o meu espírito

onde estão as minhas células mortas

misturadas à imundas águas

em canais pela cidade

em que se transformaram

em que bichos e plantas entraram

as fotografias feitas pelas minhas retinas

os sons gravados pelos meus ouvidos

onde está a força das minhas pernas

caminhando pelas praças

ruas

becos

os beijos

as emoções

que monstro haverá se formado

na biologia cruel das coisas idas

onde está o monstro que de mim se alimenta

27 de maio de 1999