Gosto das vidas achadas

Passando por uma noite  quase fria
No curso sigo uma significação arcaica 
Que escorre na parede rala da alma

Para implodir o pranto num fio de lágrima

Em pleno silêncio ouço o fado cantado
E danço só para alargar a minha solidão
Que rabisca a pele na retina da luz
Deixando a minha consciência em tráfego
 
Fingindo não entender o seu olhar triste
Sou contra o que aparece no espelho inverso
Me arrepio no silêncio da visão nua e descrita
Vejo todos os desgostos que atravessam a rua
 
Também troco a vertigem da moldura
Sobre todos os prantos caídos do meu signo
Jogo fora a energia que desfigura o tempo
Para adestrar o meu sentido estático
 
Um passo à frente e já estou em outro lugar
Quero experimentar um novo tempo
Vivo a vida receando qualquer vanguarda
Que lateja no silêncio de um tempo distante

 
Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 01/04/2020
Reeditado em 23/08/2020
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