A DOR

À dor não cabem regulamentos

nem prisão, só o céu cinzento

e a imensidão do horizonte

para que ela corra livre

com suas pernas nuas

e atravesse montes

e atravesse ruas

avidamente

à dor não tragam jamais panos quentes

nem a deixem ser vista ou ouvida

por quem nunca a sentiu

pois quem a percebe

aprende a conviver

com ela sempre

e a deixa livre

a correr...

pelas veias, alma, corpo, coração

e dominar a vida, a imensidão

como se ela fosse parte

integrante de nós

e se livrar dela

fosse em vão

e assim é:

a dor invade, domina, tortura

torna a vida densa, escura

esconde o lindo sorriso

tira o brilho do olhar

vira companheira

amiga de bar

traiçoeira...

Mas um dia

ela irá nos deixar

quando o coração finalmente

se entregar a um imenso e forte amor

então, partirá para sempre, com muita dor

e levará com ela toda a angústia, todo o vazio

e nunca mais nos acompanhará assim, pelas ruas

com sua sombra negra, ar pesado e suas pernas nuas...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 11/10/2007
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