PORTEIRA DE FIM DE ESTRADA
“O caminho só passa a existir
quando o observamos”
Heisenberg
Estrada começa alhures lá no passado,
Antes foi vereda lindeira ao corguinho,
Mais antes foi picada no mato rasgada.
Pioneiros primevos das léguas da sorte.
Estrada se alarga acolhendo viventes,
Antes de terra pisada hoje asfaltada,
Pavimentada de noésis e velocidades.
Primevos longevos de viver e zarpar.
Estrada sinuosa sem retorno sem volta.
Antes floridas margens ao longo se via,
Filmografia quiral querendo futuro.
Longevos cortejos toscos de frágil sonhar.
Estrada longa sem começo ou destino.
Antes sem cancelas e sem fronteiras.
Porteira se mostra em fim de estrada.
Cortejos de doídos suspiros veridicos.
Corona carona de cabisbaixo andante.
Antes fotografia arrogante e único.
Porteira que se fechará para alguns.
Covid convide para juntos prosseguir.
Porteira umbral de fim de estrada.
Vida em intemporal renascer e remorrer.
Um ardente sopro divino que transcende
Espíritos em caminhos a especular.
Poeta observador que porteiras delimita,
Passado e futuro de probabilísticos rumos.
Imprevisível realidade de bem-aventurados
Humanos em limiar de escolhas e mudanças.