NOSSO SILÊNCIO
Estamos engasgados com nossos silêncios.
Quanto mais falamos mais ele
se inscreve na ordem das coisas ditas,
fazendo crescer a angustia do quase indizível.
O silêncio é feito de palavras novas,
da carne de alguns delírios
que fugiram a prisão da gramática cotidiana,
que escaparam das celas semióticas da academia, da Razão de Estado dos eruditos.
Nosso silêncio é barulhento
E engravida gargantas
com a semente de um grito.