Sempre fui caseiro

Sempre fui caseiro

De ler o dia inteiro.

De receber a visita,

Alegre ou aflita.

Sempre fui caseiro

De andar pelo terreiro,

De limpar todo o chão,

Ouvindo uma canção.

Sempre fui caseiro,

Casa é bom paradeiro,

Lugar de o amigo ouvir

E alegria compartir.

Sempre fui caseiro,

No telefone useiro

E falar bem do mundo

De defeitos profundo.

Sempre fui caseiro,

Mas da vida sempre olheiro

Torcendo por igualdade,

Por mais fraternidade.

Sempre fui caseiro,

De ouvir longe o sineiro

Anunciar Jesus

E a esperança na Cruz.

Sempre fui caseiro

Aceitando o bagunceiro,

O som descomunal

Em dias de Carnaval.

Sempre fui caseiro,

Sem invejar o viageiro,

O turista militante,

O trabalhador itinerante.

Sempre fui caseiro,

De liberdade inteiro,

Para entrar na multidão,

E sair da solidão.

Sempre fui caseiro,

Fui até mensageiro

Desse jeito de ser...

Desse jeito notório,

De repente compulsório,

Para nos livrar das feridas

E salvar nossas vidas.