Sonhos
I
De qual matéria é feito nossos sonhos?
Onírico. Telúrico. Leve e transparente.
Sonho, e sinto em mim a corrente
De apenas sonhar aquilo que suponho.
Na cama em que me desprendo e viajo
Pouco importa para onde eu vou,
Raramente sei onde no sonho estou
E quase nunca entendo como eu ajo.
Mas o que sonho? Quase não lembro,
Viagens, amigos, amores e saudades.
Noites de delírio e pura maldade,
E assim me recordo e me assombro
II
Sonhar contigo é morrer de poesia.
Não sonhar é sentir a morte na alma,
É ter te na ilusão para manter a calma.
Buscar o sol na noite e a lua no dia.
É esculpida perfeitamente a cada noite,
Mesmo que perfeita só em minha mente.
Por isso dormir me faz tão contente
E acordar é sentir na paz um açoite.
Te busco em cada noite bem dormida
Em cada novo sonho eu te procuro
Quando te acho, da dor me curo,
Me vejo feliz e bendigo a vida.
Mas se, porventura, eu não mais te vir
Ou não puder te encontrar nunca mais,
Deixarei de buscar na vida alguma paz,
E como Ismália a alma há de subir.
III
Óh Carniceiro das almas tristes!
Oh estranho e mudo Morfeu!
Devolva aquilo que me prometeu
De sonhar apenas o que não existe.