O Meu Poema
Meu
poema está vago e do meu poema,
dentro
Suspenso
entre linhas,
atônito e
inacabado.
Rasgo, raso,
giro,
giro
e gira
na
incerteza
de um acento
ou
tropeça se, desatento, à leveza de uma vírgula.
Meu poema tem pressa e tem pressa porque finge
e finge porque range e range porque (só) tange.
Desfigurado,
meu poema não tem nenhum como,
como despe-se das estrelas,
algum nascente.
E desta noite, meu poema não amanhece, entristece,
aborrece. Rasura e cinza, envelhece.
Meu poema luta na luta de classes,
omite meu nome, omite minha face (eu, já tenho uma?) mas fala dos juros
e quer desapropriar o banquete de um burguês.