Chuva no Terreiro
Chove mansamente no terreiro,
coágulos de gotas no olhar,
pupilas registram os momentos
e o sol tímido tinge o anuviar
que vagueia vigilante em arrebol;
chove mansamente no terreiro,
pássaros banham-se nos galhos
e há trinares espalhados pelos ares
vespertinos, e na capela o sino
anuncia o prosseguir do andarejo
que se mistura aos trovões no vilarejo
e há orações com o ardor de penitência.
Chove mansamente no terreiro
e na varanda um colibri é alegria
vislumbrando a cor que se esvai do dia,
e a canção a gotejar é melodia
que ricocheteia às paredes do universo
onde há um verso a cantar o infinito,
onde há estrelas e há sonhos nos recônditos
d’alguma alma que caiu na deslembrança.