o nascimento da poesia
Rasga os laços, rompe as artérias
Em súbito desenrolar
trigonométrico de
traços.
A poesia escreve-se a Si:
assisto, descalço
desnudo em
percalço de
mim.
Acolho o compasso:
sublime, austero,
divino, nefasto?
Ele o faz.
A mim:
Me calo ante
Ao sopro colossal da
Gênese.
Em êxtase, amor,
prazer
inaudito ritmo e
passo.
Não escrevo sobre o que se
não escreve:
silente ouvinte, sou
servo calado.
Impávido
Em vestes de
júbilo;
Admirar plácido.
Nada busco, nada almejo: abro.
Das tenras cortinas do
cerne do Eu
divino palácio,
onde dissolvem o tempo,
as formas, a orbe,
hediondo abraço.
Onde a circular condição
É traço. E
o círculo transmuta
em espaço
E o espaço retorna à potência:
âmbar colossal
ei-lo Esplendor do sol estático.
d'Ali, onde o nada é
Tudo
todas as palavras em porvir
gargalham universal devir: São
trafegam o éter de
toda a Criação
E borbulham, em sutil espiral
procissão d'espanto
Para revelar tuas mil faces secretas
sob a face neutra.
A poesia nasce
de Si mesma.