o nascimento da poesia

Rasga os laços, rompe as artérias

Em súbito desenrolar

trigonométrico de

traços.

A poesia escreve-se a Si:

assisto, descalço

desnudo em

percalço de

mim.

Acolho o compasso:

sublime, austero,

divino, nefasto?

Ele o faz.

A mim:

Me calo ante

Ao sopro colossal da

Gênese.

Em êxtase, amor,

prazer

inaudito ritmo e

passo.

Não escrevo sobre o que se

não escreve:

silente ouvinte, sou

servo calado.

Impávido

Em vestes de

júbilo;

Admirar plácido.

Nada busco, nada almejo: abro.

Das tenras cortinas do

cerne do Eu

divino palácio,

onde dissolvem o tempo,

as formas, a orbe,

hediondo abraço.

Onde a circular condição

É traço. E

o círculo transmuta

em espaço

E o espaço retorna à potência:

âmbar colossal

ei-lo Esplendor do sol estático.

d'Ali, onde o nada é

Tudo

todas as palavras em porvir

gargalham universal devir: São

trafegam o éter de

toda a Criação

E borbulham, em sutil espiral

procissão d'espanto

Para revelar tuas mil faces secretas

sob a face neutra.

A poesia nasce

de Si mesma.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 25/03/2020
Código do texto: T6897150
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