OBSESSÃO
Ahhh, na verdade
Não sei ao certo o que de modo incerto tentarei dizer,
Porque não a sei, a sinto na carne, nos ossos, nas veias a me percorrer,
Martelando por tantas vezes na mesma ideia,
Na mesma mania,
No mesmo ser...
Na compulsão desmedida por um verso,
Aquele verso perfeito,
Milimetricamente escrito para caber dentro da poesia,
Agora,
No ato insano e extremado da escrita do dia a dia,
A exaurir a alma e o coração,
Sem conseguir jamais e sempre
Agregar a um morfema
O sentido exato que se queria.
Loucura bebida à conta gotas no cálice transbordante de uma fátua personagem,
De um vulto,
Uma miragem,
Uma ilusão...
Um fio de ouro, perdido no labirinto da
fantasia,
Imagem nua em ação
Imag(in)ação,
Correndo ruidosa e continuamente
Pelas curvas do desejo.
Gargalhando-se dos incisivos apelos da irracional razão...
A mão que me bate, até que eu goze de dor,
Sonhando amor na ponta desses dedos...
By Nina Costa, in 16/94/2020.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.
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