Divina Melancolia
Indivíduos condenados a ser felizes
Presos às grades da miséria mental.
Acorrentados pelas sombras refletidas na parede,
Amordaçados em seus grandes sepulcros dos quais proclamam ter orgulho.
Pregando a verdade, a luz que extirpa qualquer escuridão
Elevando o homem ao paraíso
E jogando os perversos no mar do tormento eterno.
O inimigo das almas age em brechas,
Assim declaram os portões escancarados.
Das suas bocas sai o fel, o amargo bafo do enxofre.
Em suas almas estão as lanças que perfuram e matam em nome do amor.
Quantos enigmas haviam naquelas palavras cruzadas.
Vi tudo isso enquanto tinha meu pescoço na berlinda
Pagando pelo meu pecado.
O mais terrível dos pecados,
A liberdade.
Talvez eu não tivesse uma idade média para entender aquilo,
Era uma forma tão brutal de impor respeito.
O respeito através do medo, um ato covarde.
Após tapas, socos e torturas naquela praça pública,
Minha punição foi cumprida
Tiraram-me da vergonha
E debochando disseram:
“Vá e não peques mais!”
Andei por horas, buscando distância daqueles fariseus.
Até que encontrei um bar.
Não me contive e entrei,
O som do blues cativava o ambiente,
Vi muitas coisas ali, mas algo me chamou a atenção...
Na mesa do canto estava um ser solitário
Sua única companhia era uma dose de conhaque
Um grande aperto lhe sufocava os pulmões
Que contraíram-se como se um segurança estivesse montado em seu peito
E com os braços em seu pescoço, o tirasse qualquer chance de alívio.
Logo o reconheci.
Era Deus torturado em seu inferno, o seu amor pelos homens.