ROTINA (INSÔNIA)
Meia-noite é passada
Último remédio
Amanhecer ainda distante
Insônia firme e constante
Espia a fresta da janela
Hoje não tem luar
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Rotineiro
Cuco...
Uma hora...
Olhar o teto
Contar carneiro
Madrugada segue adiante
Amanhecer ainda distante
Cão a uivar
Espia a fresta da janela
Hoje não tem luar
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Rotineiro
Cuco... Cuco...
Duas horas...
Olhar parado
Amanhecer nem tão distante
Espia a fresta da janela
Hoje não tem luar
Sabiá acordado
Canta perene e constante
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Rotineiro
Cuco... Cuco... Cuco...
Três horas...
Olhar distante
Madrugada é um instante
Não deu certo o calmante
Espia a fresta da janela
Não tem mesmo luar
Espera que o galo cante
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Rotineiro
Cuco... Cuco... Cuco... Cuco
Quatro horas...
Corpo cansado
Outra noite acordado
De onde vem esse barulho
Espia a fresta a janela
É a caçamba de entulho
Primeiro ônibus passou
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Perua do jornaleiro
Rotineiro
Cuco... Cuco... Cuco...
Cuco... Cuco...
Madrugada que termina
Cinco horas da matina
Olhos abertos
Toda noite essa rotina
Latem os cães da vizinhança
Ainda está escuro
Escancara a janela
Gato desfila no muro
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Levanta a porta o padeiro
Rotineiro
Cuco... Cuco... Cuco...
Cuco... Cuco... Cuco...
Sol já se arrisca
Seis horas
Cidade despertou
Precisa se levantar
Espreguiça
Primeiro remédio
Rotineiro
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,
Tique-taque, tique-taque, tique-taque,