FINITUDE
Há alguns anos, o filho de uma amiga pediu-me que escrevesse um poema, para que ele ilustrasse um trabalho no curso de medicina. Eu o escrevi, pensando no fim natural de todos nós. Pra hoje, acho bem oportuno o poema.
FINITUDE
De tudo quanto for capaz a humana alma,
Pelos inauditos desejos do homem,
Pouquíssimo o satisfaz, tampouco acalma
Diante das certezas que o consomem.
Sabem todos os seres de inteligência
A respeito da finitude inconteste,
Da inevitável e temida falência,
Do homem fraco feito cipreste.
Tal qual o arbusto, o homem serve de cerca
A proteger suas vidas e propriedades.
Julgando nada fazer com que ele perca
O que construiu e suas potencialidades.
A insatisfação por ele sentida
É justa e o malogra, isto é fundamental.
Conforme o arbusto e a cerca falida
Caem corpo e a mente, ante a morte natural.
Em mais elaborada tecnologia
Por mãos e mentes humanas inventada,
Há na vida, submissa genealogia
Por Deus escrita e, ao final, sacramentada.
Dalva Molina Mansano