A COZINHA
A Cozinha espreita co’os olhos de vento,
E as ruas choram de tristeza aqui e agora,
No entanto o Fogão aquece o condimento.
E a Luz da lâmpada grita quando vai embora,
A panela ao lume vai entretanto neste invento,
Com a comida feita pelo dia fora…
Entretanto os pratos na mesa com alento.
Lá andam as barrigas ao luar. O Mundo mora,
Nesta confusão da papelada sem talento.
Aqui vive o momento de sonhar tão fora.
E o Poeta nesta altura não tem pensamento.
Nasceu assim. E a tarde canta na hora.
No entanto o frigirifico traz o vento.
E a máquina de lavar roupa decora,
Pois a banca com o cabelo pardacento.
Todo o dia os Armários da cozinha,
Ouvem a voz do televisor a gritar.
Pois com as mãos de cristal desta alminha.
Se ouve gemer a janela a chorar…
E a um canto da cozinha está…
Uma meia com copos a dançar…
E a minha companheira vá lá,
Tem tido muita pasciencia de me aturar,
E eu digo melhor, a vida é má,
Pra viver assim, pois já basta!
E a cozinha da minha casa,
Que é muito bonita e não me arrasta,
Porque sendo a casa pequena,
É uma grande brasa.
E esta vida é tão serena.
LUÍS COSTA