Let down

Sentado. Preso no meu quarto.

Cercado do silêncio mais familiar de todos.

Ninguém se importa.

As ruas seguem caladas,

uma e quarenta da madrugada...

o que eu podia esperar além disso?

Um dia talvez eu crie asas

pra sair por aí

olhando toda essa merda de cima

e enfim, me sinta em casa

longe dessas tantas coisas que só me puxam para baixo

pelo pé

e enfiam minha cabeça no vaso sanitário

e dão descarga,

até o talo.

Talvez um dia eu me erga das cinzas de uma ressaca

e escreva algo que as pessoas realmente leiam

e aí digam

“Taí um cara que sabe sentir as coisas”

Mas as minhas palavras vão se acumulando,

por enquanto

num canto escuro da internet,

e eu continuo sozinho...

ouvindo música

bebendo cerveja

e ocasionalmente, tentando me enganar

permitindo que passem pela minha vida

mesmo que só para espalhar os lençóis da minha cama.

O amor é o que sobra quando a cama está vazia

e não mais suada. – Um amigo certa vez me disse, não exatamente com essas palavras -

Pois bem,

nunca parei para dizer a ele que discordo respeitosamente.

O amor transcende a cama e os lençóis

suados ou não.

O amor transcende qualquer engano,

que a paixão sempre deixa passar.

Bem,

olho pela janela,

esperando o próximo engano.

e enquanto a campainha não toca,

sempre haverá a cerveja

e as folhas em branco

no computador

esperando mais um rabisco

e madrugadas como essa

em que o sono

reluta em chegar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 18/03/2020
Reeditado em 11/11/2021
Código do texto: T6890695
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.