Habitat Natural
lavei as mãos, a alma e o coração.
eu me privei de tudo. fiquei longe das pessoas, me afastei da loucura diária, da correria da selva de pedras.
uma enorme cidade super lotada de pessoas, cada uma com um pensamento, ideia e atitude diferente, uns carregam amor e bons sentimentos, já outras somente no modo de olharem você percebe a maldade.
dizem por aí que quem vê cara não vê coração.
quis ficar distante de tudo isso!
dentro do meu quarto me sinto protegido. o mundo lá fora arde no calor do sol e ao mesmo tempo é banhado pelo mar de estrelas que rompem a noite.
em casa isolado, as estrelas me observam pela fresta da janela e vislumbram o poeta em seu habitat natural despido de toda fantasia que veste para ir lá fora ver as pessoas, tira a alegria de um sorriso e coloca sobre a mesa, restando-lhe apenas uma face triste, revelando a nudez da sua alma carregada de marcas que contam histórias que faria qualquer um que escutasse chorar.
de cada cicatriz em seu corpo ele escreve um poema, com a dor que já sofreu arranca um sorriso de alguém quando declama seus versos no sarau.
lavei as mãos para pegar teu sorriso.
a alma chorou de alegria...
o coração fez poesia.