DELIRIUM TREMENS
Andou como andaria o Homenzinho Torto
Quando a canção acaba -- só cartola,
Fraturas inventadas e bengala
Medindo o dorso de insones calçadas,
À margem de sarjetas e rejeitos
Sem brio, com trejeitos e sentenças.
Um passo ou dois no rumo do que passa
Feito remorso ou chuva indesejada.
Deixou que o dia por si só levasse
Tensões, esperas, cinza nos lamentos,
No rumo do que passa feito chances,
Quebrantos, decepções que se acumulam.
Conferiu seu discurso confirmando --
A História sempre solta Barrabás.
A multidão memórias dum futuro
Sem face nas tribunas mais loquazes,
O bando que de vez em quando pensa
-- ah, como ele sentiu a sua falta!
Os séculos dum mundo que implodiu
Retornam pelas frestas da retórica,
As palavras ao vento que insiste em circuitos
Sem fim -- nada mudou à luz de estrelas
Defuntas, nada pode persuadi-lo
Do dia avesso em tudo ao seu delírio.
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