Onde dormem as estrelas
Em minha mente disconforme e confusa,
enquanto escuto o som das tuas rusgas
martelando perenes por minhas lembranças,
tudo o que mais quero é deitar-me
na cama cinza, dura e desconfortável
na qual pereço todas as noites.
E envolvido pelo aconchego do meu cobertor
esfarrapado e encardido,
ficar olhando embasbacado as estrelas
irritantemente brilhantes piscando no céu acima de mim.
Enquanto tento, sem sucesso, tocá-las
com o meu dedo indicador já trêmulo
e tomado pela nodea amarela da nicotina do cigarro vagabundo que trago comigo.
E entre o ceu e o inferno na minha consciência
adormecer lentamente, quadro a quadro,
nesse meu pesadelo diário
sem me esquecer por um segundo sequer
que amanhã tenho de levantar as seis.