FADO

FADO

Quando nasci, se me perguntassem

Se eu, queria ou não viver,

As dúvidas seriam muitas, e antes que achassem

Que preferia morrer,

Diria: Se todos algo melhorassem,

Não teria dúvidas em responder.

Todas as manhãs quando me levanto,

O cardápio da vida é-me mostrado,

Mas nada poderei fazer, para meu desencanto,

Apenas seguir meu fado.

No mar, que se bamboleia

De tão encapelado,

Nem a gaivota, que no ar gorjeia,

Tem seu fado controlado.

É no meio desta tão grande loucura,

Que todos temos de viver,

Arranjar tempo para a ternura,

Ainda antes de morrer.