RUA DESERTA
A noite, sobre o silencio da rua,
canta a nostalgia disfarçada
de luzes, clareando as calçadas
das lembranças sob a branca lua.
E os semblantes calados das casas
erguem-se aos céus as suas preces
imprimindo varandas às estrelas
para sonhar o azul noturno que tece.
Há mistérios sob os telhados
guardados à beira do passeio
dos passos dos homens cansados,
refugiados, em seu poço de esteio.
E a rua dorme o sono de cada dia
debaixo das pálpebras cerradas
à espera do ritual em melodia
ao sol dos ensaios, labutas e comédias.