VÍRUS
VÍRUS
O vírus chegou, chegando
Já não sinto irmãos
Já não vejo gentes
Lavo minhas mãos
Sempre eternas doentes
A treva chegou
Nas casas, apartamentos
Bares, monumentos
Museus, espetáculos
Ginásios, campos
Todos obstáculos
Espalhou-se o medo
O pânico, o preconceito
Solidariedade virou arremedo
No humano imperfeito
A máscara caiu
A insensatez surgiu
O mundo não tem vacina
Não tem remédio
Somos a latrina
A caminho do cemitério
Contudo, ainda há salvação
Os suicidas nunca tem razão
Em suas paranoias
Avança na escuridão a luz
Cheia de cartesianismo
Afastando a insanidade viral
Havemos de amanhecer
Em abraços e beijos sobejos
Fugindo dos recambejos
E o equilíbrio
Chegará de verdade
Aos malucos beleza
Que não seguem a correnteza