VÍRUS

VÍRUS

O vírus chegou, chegando

Já não sinto irmãos

Já não vejo gentes

Lavo minhas mãos

Sempre eternas doentes

A treva chegou

Nas casas, apartamentos

Bares, monumentos

Museus, espetáculos

Ginásios, campos

Todos obstáculos

Espalhou-se o medo

O pânico, o preconceito

Solidariedade virou arremedo

No humano imperfeito

A máscara caiu

A insensatez surgiu

O mundo não tem vacina

Não tem remédio

Somos a latrina

A caminho do cemitério

Contudo, ainda há salvação

Os suicidas nunca tem razão

Em suas paranoias

Avança na escuridão a luz

Cheia de cartesianismo

Afastando a insanidade viral

Havemos de amanhecer

Em abraços e beijos sobejos

Fugindo dos recambejos

E o equilíbrio

Chegará de verdade

Aos malucos beleza

Que não seguem a correnteza

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 14/03/2020
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