A MARCHA DAS HORAS
Um templo resiste, alquebrado
Nas distâncias previsíveis,
Em cena de sinos e vitrais
E sombras sem fala ou resposta
Enquanto o tempo azul remove cinzas
E exuma alguns remorsos
Num rito em meio a ruínas
Impacientes feito a aurora,
Afeitas à marcha das horas.
Impermanência à janela
Enfastiada, já, de tanta espera --
A ilusão por promessa
No enlouquecido calendário dos equívocos,
O lugar de masmorras e patíbulos.
Amarelos desbotam sorrisos
Por desconfiados postigos
Enquanto lentamente, ruga a ruga,
O dia aquiesce, ensandecido.
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