"Pela Janela"
...Congestionadas veias,
O trânsito das metrópoles me enlouquece.
Enquanto fico parado em meio ao engarrafamento,
Minha alma transita por entre os carros.
Correndo,
Querendo chegar a lugar nenhum.
Bailando ao som de uma sinfonia composta de nervosas buzinas.
Mundo complexo.
Homens perplexos.
Correndo atrás do nada e chegando sempre atrasado.
Tanta pressa.
Enquanto a morte caminha calmamente e espreita a cada esquina.
Com uma carnuda e sedutora boca vermelha,
Pronta para nos dar um beijo.
Satisfazer seu desejo,
Seu ofício.
Parado transito.
Que suplicio!
Onde cada semáforo que protege vidas é para alguns o caos.
Um caleidoscópio de três cores.
E a minha presença imóvel reflete a minha solidão num lotado transporte coletivo.
Que através da janela me proporciona uma ampla visão do inanimado,
Do movimento lento,
Da ira,
Da cidade cheia.
Pelo espectro do vício.
Do início.
Do meio.
Do fim.
Onde a alta pressão causa o derrame.
Onde talvez a morte seja evitada,
Em algum sinal vermelho.
Entre lagrimas e sorrisos num eterno fevereiro.
Não importa!
Não nos resta mais nada,
Apenas esperar o transito aliviar.
E seguir em frente.
Tudo como dantes,
No quartel de Abrantes..."
( "Pela Janela", by Carlos Venttura )