Marcas
Água escorre pela parede
Leva a tinta que a colore
Água desce pelas favelas
Arranca tudo dos barracos
Não há mais quem chore
Faz do forte homem fraco
Não há quem acenda velas
O cinzel marca a argila
O Quixote a quem socorre
Os Miseráveis, quem vigia
Quando a água tudo engole
A tatuagem marca a pele
Os escombros marcam a prole
As pedras que eram esteios
Desabam e marcam veios
Que rio é esse sem peixe
Faz daquele triste catador
O que sobra de pescador
As pedras que viraram marcas
Cavaram novo alicerce
Um novo barraco se levanta
Pois a marca não o espanta