Marcas

Água escorre pela parede

Leva a tinta que a colore

Água desce pelas favelas

Arranca tudo dos barracos

Não há mais quem chore

Faz do forte homem fraco

Não há quem acenda velas

O cinzel marca a argila

O Quixote a quem socorre

Os Miseráveis, quem vigia

Quando a água tudo engole

A tatuagem marca a pele

Os escombros marcam a prole

As pedras que eram esteios

Desabam e marcam veios

Que rio é esse sem peixe

Faz daquele triste catador

O que sobra de pescador

As pedras que viraram marcas

Cavaram novo alicerce

Um novo barraco se levanta

Pois a marca não o espanta

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 08/03/2020
Reeditado em 08/03/2020
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