Labirintoanálise
Entrelaces insuspeitos de qualquer tragédia são os das mãos que se apertam. Sem delongas e sem polidez, elas se encontram e sufocam.
Meus olhos quebrados em vitrais emergem em infinitas possibilidades de ver.
De resto, breu.
Pés de quem já se calejou de andar descalço,
Mãos de quem já envelheceu na infância,
Sorrisos rubros de um funeral orquestrado de dentro pra fora.
Minhas gentes se debatem em tremores, cada qual querendo construir seu lugar sob a lua. Disputas infindáveis sobre as lápides e os epitáfios. Pensa-se muito para além da morte.
Sozinha de mim mesma, reduzem meu entendimento a siglas. Resumos de quem sequer leu as escrituras da minha carne, mas que seguem com artilharia diversa contra as possibilidades do que chamam alma, mil escudos para quem emana vento quando tudo já se tornou pedra.
Minha arquitetura falha agora é também rota. Os caminhos não têm início nem fim, apenas rastros mal traçados por passos de quem só sabe rastejar. Labiríntica e vazia, os ecos partem indefinidamente. Eu me tornei mais silêncio e menos melodia.