Neologismo de um vagabundo

Hoje eu acordei com uma necessidade

Era fome imensa e insaciável

Queria uma bala na cabeça,

Não, isso foi terça-feira

Hoje necessito de outra coisa

Tenho uma fome não sei dizer de algo que não é pão não é massa não é nada

Quero comer o intragável fruto da imensidade

A pontuação, tomei-a no café da manhã só me sobrou migalhas

Com elas enquanto ainda passo fome risco com meus cílios estes versos no verão que me acompanha

Hoje acordei esfomeado

E também estava morrendo de saudades

Daquele lugar que é pessoa que é passado e que não vi não sei e nem senti

Ah saudades de sentir o que senti no amanhã dessa semana

Deus, eu sou um ontem!

Hoje ainda hoje eu acordei desesperado

Angustiado

Abandonado

Eu queria dizer era uma necessidade fisiológica da alma eu não creio em alma mas sentia que doía que apertava que morria num lugar em mim que não havia

Eu queria dizer uma palavra aquela que eu não me lembro que não foi dita nem inventada que não existe nem é falada mas é palavra

Aquela: que se existisse, gritava.