Almá
Fuça tua alma e acha:
Teus erros, tuas dores, tua beleza
Fuça bem lá fundo, no escuro
E te acha assim mesmo, ferida
Os dias passam sem ninguém
Sem que ninguém esteja acordado
Os dias passam...
As noites chegam com tuas estrelas
A vida vai de qualquer maneira
A vida atravessa a rua e segue reta
Fuça a tua alma e acha:
Teus devaneios, tuas loucuras, teu desespero
Fuça na espessura da tua pele
Lá bole o sangue, o mangue do amor
A luxúria da dor, a mania da espera
E deixa que a doideira das paixões
Te cubra de breves saudades
Toma uma dose de malícia
E cobiça o corpo alheio, é teu
Estes olhos mais breus que a noite
Solte a tua alma pelo chão da sala
Tira a roupa que não te serve
E sirva-se de espelhos a ti mesma
Fuça a tua alma palmo a palmo
Acha tua alma no prazer do teu corpo
Milton Oliveira
04mar/2020