Almá

Fuça tua alma e acha:

Teus erros, tuas dores, tua beleza

Fuça bem lá fundo, no escuro

E te acha assim mesmo, ferida

Os dias passam sem ninguém

Sem que ninguém esteja acordado

Os dias passam...

As noites chegam com tuas estrelas

A vida vai de qualquer maneira

A vida atravessa a rua e segue reta

Fuça a tua alma e acha:

Teus devaneios, tuas loucuras, teu desespero

Fuça na espessura da tua pele

Lá bole o sangue, o mangue do amor

A luxúria da dor, a mania da espera

E deixa que a doideira das paixões

Te cubra de breves saudades

Toma uma dose de malícia

E cobiça o corpo alheio, é teu

Estes olhos mais breus que a noite

Solte a tua alma pelo chão da sala

Tira a roupa que não te serve

E sirva-se de espelhos a ti mesma

Fuça a tua alma palmo a palmo

Acha tua alma no prazer do teu corpo

Milton Oliveira

04mar/2020

milton antonios
Enviado por milton antonios em 04/03/2020
Código do texto: T6880052
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