Cinco poemas na Revista Ser MulherArte

versos para esquecer

das cinzas do dia

teu nome me insiste

ecoa cálido síbilo

entre os dentes da noite

te exorcizo nestes versos

Órion, visgo de estrelas

da minha boca, da minha pele,

teu nome madrugada

com a mesma força

eflúvio e sede e devoção

estro e poesia

que decomponho

e para meu alento [e sepultura] - parto

poeira de Lua e Tempo

no viés da palavra

[desfaço nós]

sem pronúncia: sou outra

"na curva extrema do caminho"

despedida

[e em teus adros

meu nome

totem profano]

selvática

cresce ao meu redor

floresta selvagem

faminta

vigas concreto marquises

no olho da noite

aquela que tem fome

de vida

grita

portais

daquele tempo

restam somente vultos na janela...

n|um canto

doutro mundo

aquilo que era

espia...

versos de heresia

colhi uns goles de noite

numa concha antiga

bebi com sede

sede beduína

no meu deserto de rotinas

o tempo

úmido e salino

me encara

ampulheta estática

e me conta uma história

numa língua esquecida.

eu sei seu nome

-está inscrito nos meus ossos-

líquido

impronunciável

seu nome

sacro-pecado

cristalino

crime

a vida seguia

líquida e cristalina

no meu rosto

teu beijo hediondo

e teu hálito hortelã

bálsamo

na minha bochecha-nódoa

Publicado na

Revista Ser MulherArte

Revista Feminina de Arte Contemporânea

ISBN 978-3-00-065062-8

27 de fevereiro de 2020

http://www.sermulherarte.com/2020/02/poemas-por-diana-pillati.html