Viada Crescida

Eu me lembro de quando me pediam

Para eu me comportar

Mas o meu corpo queria rebolar

Olhem para mim, eu tenho a coroa na cabeça

E disse ao mundo que adoro uma peça

E eu vou desfilar por aí como eu quero

Desculpas meninos, mas eu sou uma viada

E to fazendo meu nome nas universidades

E to fazendo meu nome nas estradas

Agora eu não vou olhar para trás

Eu sou uma viada crescida

E faço da rua as minhas passarelas

E faço das minhas leituras, minha inteligência

Quer saber? Eu sou aquilo que me amam

Desculpa sociedade, a Madalena aqui é gay

E cansei das pedradas e batinas que me atrapalham

É de shortinho que ando e é com a barriga de fora

Meu corpo é meu manto sagrado

Demorei para entender, mas agora sei

Que esse mundo é feito para quem brilha

Eu sou leonina, com a juba do arco-íris

Tá na hora de mostrar isso

Eu sou uma viada crescida

E faço da voz a minha poesia

E faço das minhas escritas, o meu registro

Quer saber? Eu sou aquilo que me amam

Meninos, desculpem, eu gosto de conteúdo

Sociedade, desculpem, eu gosto do “marginal”

Família, desculpem, eu não quero formar uma

Igreja, desculpem, o meu Deus me ama

Eu sou uma viada crescida

E faço do meu corpo a minha paz

Eu sou uma viada crescida

Venço todas as pedras que me jogaram

Olha onde eu estou meus queridos

Desse picadeiro, quem manda aqui sou eu

Meu corpo gera inveja aos meninos

O andar da leoa revela sensualidade

E isso eu tenho de sobra

Vai viada! Esse mundo é todo teu

Tu mesma fizeste o teu céu

E quer saber, dane-se os outros

Amo o que me ama

Rouxinol de Julho
Enviado por Rouxinol de Julho em 02/03/2020
Código do texto: T6878786
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