Três poemas na Revista Gueto
sem nome
a Loucura se avizinha
fica me olhando
imóvel
da esquina
fecho a janela
apago as luzes
está parada ali
Louca
no meio da rua
amarelada
intermitente
como o poste de lua
— Que estou dizendo?!
minha boca me sussurra
está aqui dentro
na minha cama
a Loucura
quer que eu tome cerveja
quer que eu fique nua
quer ser minha amante
a Loucura pálida insone
no meu ouvido canta aerada
seu verdadeiro nome…
alvéolo
raso
pensamento róseo
no desejo mínimo
amenidades
no leito último
essa poesia fútil
urgente
— Logo aos cravos, por favor!
e me deixem
útil
verso húmus
ao silêncio
e larva
e só
— A sete palmos
o poeta
eclode
eternidade.
tercetos sobre a Palavra e o Tempo
meu corpo cede
erodido
tempo precede
na palavra puída
tempo
um poema preludia
salobra rima
nos corais dos teus olhos
na ferrugem dos dias
impronunciável
a palavra
de ausências corroída
submerso
o verso encara
no olho do Kraken: seu destino
lenta (entre) ondula
maré e palavra
verso ferrugem
na preamar dos meus olhos
um sonho antigo
oxida
Revista Gueto
29 de janeiro de 2020
https://revistagueto.com/2020/01/29/tres-poemas-de-diana-pilatti/