GUERNICA
O ar ficou cinzento
e as nuvens tombaram
como papelão ensopado
em peçonha.
As línguas cuspiram
estilhaços de vento.
Destroços de gritos
cobriram a calçada
e olhos, arrancados
aos risos das crianças,
rolaram nas valetas.
Cavalos relincharam fúrias
como monstros
e os touros urinaram na treva
o sangue das faenas.
Rostos e corpos quedaram-se
frios e inertes
como mármores chamuscados.
Só um braço ficou pendente
segurando uma candeia
a envergonhar o Sol.
Nesse dia, tudo parou,
até a Morte
sem ter mais que fazer.
Apenas as bombas
continuaram a cair,
explodindo, explodindo
como sementes de ódio.
(E o Pintor estremeceu
com o sangue sufocado
por soluços de raiva).
O ar ficou cinzento
e as nuvens tombaram
como papelão ensopado
em peçonha.
As línguas cuspiram
estilhaços de vento.
Destroços de gritos
cobriram a calçada
e olhos, arrancados
aos risos das crianças,
rolaram nas valetas.
Cavalos relincharam fúrias
como monstros
e os touros urinaram na treva
o sangue das faenas.
Rostos e corpos quedaram-se
frios e inertes
como mármores chamuscados.
Só um braço ficou pendente
segurando uma candeia
a envergonhar o Sol.
Nesse dia, tudo parou,
até a Morte
sem ter mais que fazer.
Apenas as bombas
continuaram a cair,
explodindo, explodindo
como sementes de ódio.
(E o Pintor estremeceu
com o sangue sufocado
por soluços de raiva).