veraneio instantaneo

a rua desagua

na praça, onde as

esteiras da salvação

não respondem a qualquer chamado.

mas antes desse derramamento,

uma moça mulher se estremeceu em minha presença,

o momento se fez fogo nas treliças da vida,

andei horas em baixo do viadutos esquecidos

nos andares onde quase o mundo se perde.

o sapato vindo da alemanha, a calça justa

que não guarda, mas revela o corpo.

uma cidade de veraneio, de motos

que roncam como as trombetas do desconhecido,

talvez tenha sido o amor botando as caras pra

fora, ou até mesmo vaidade perfumada,

a praça é grande, tem nela os devaneios

da infância, as casas bonitas de jardins inebriantes,

com gente que anda conforme os roteiros de suas vidas,

indiferente a isso, sento no banco, contemplo os cantos dos pássaros,

milhares de pequenos eventos fazendo o mundo se mover, se diferenciar

pra ser visto novamente com a graça que sonhamos,

penso novamente na moça, depois na realidade,

e ela, concreta como essa parede se derrete

na contramão do desejo, agora, ela já não é,

nem seu representação, e vida segue, agora

com o poeta sabendo mais de ruas e praças