AS SOMBRAS DE AMANTE

Líquido embebido de papel

tecido de pele que usa

minhas forças gotas sozinhas

caindo por um crime

de acreditar que não era finda

alma caída quando ainda

estava na cama...termino por

beber um quarto que foge

e deixa ficar cortinas voando

vistas do ar dançando sobre

minhas horas agora paradas

e nada apaga nem chama

o telefone ficou curtido

das fotos de ontem

mas não me diz o que

possa ter sentido no mudo

corpo nu sorrindo ao meu

lado ...poderia escrever o

texto sobre a sensação de

ter feito sexo com ela

de tê-la invadido com

roupas dilacerando meus

membros naqueles fios

finos soltos rasgados feito

teu cabelo amarrado pelas

minhas mãos agora atadas

numa caneta escrava suada

do que derrete salgado

e vem depressa corredeira

dos olhos ...antes era um ar

de mar de amar-te com fome

agora some e fica plantada

num jardim de tela que por

dor repetida aparece vestida

de um muro sem fim de cristal

que se quebrar terei o fim

no fantasma da noite na cama

que não chama , não fala nem

grita meu nome de apelido

de amante ....vi meu telefone

voar pelas paredes pintando

o que era antes a pouco

sombra de instantes de

tinta cor de sangue do

amor que fazíamos acontecer.