Uma vida pequena
Ria tudo que você precisa chorar
Beba tudo que é necessário
Talvez uma hora você esqueça
Essa vida pequena
O fundo desses copos
Os traumas que te perseguem
A dor no peito quando você deita
Quando você fecha os olhos
A vida é uma velha cadeira quebrada e só agora entendemos
A vida tá confusa, eu sei
Choramos lembrando de nossa infância
- Pai, perdoa minha ingratidão -
Perdoa os "eu te amo" não ditos
Você sabe que tudo que eu queria era ser aquela criança
Outra vez
Dormir em sua barriga e ouvir seu estômago se mexer
Qualquer coisa
Qualquer coisa que me livre do fundo desses copos
Das pessoas que me sugam
Dessa pessoa que eu não quero ser
E mesmo assim, sou
A vida tem se tornado a minha sombra no espelho
E o sol já não raia mais
Enquanto me deito nas urtigas flamejantes
Com os olhos voltados ao teto
Lembro de já ter deitado na grama
E olhado para as nuvens brancas em um céu azul claro
Feliz
Os monstros eram imaginações que se esvaeciam com o vento
Hoje são tão reais quanto ele mesmo
Tenho acreditado mais na dor
Do que na própria existência
Somos o próprio vírus
O ópio de uma sociedade decadente
A destruição mascarada em sorriso
O fim de algo sem começo
A sarjeta suja de um castelo
O assédio social
A imensidão desse minúsculo ponto azul
Os olhos lacrimejantes de uma criança
A grande mentira
De uma vida pequena