Encontro de Poetas

Escuto Algo Abaixo do Céu

Escuto o vendedor viajante

de rua em rua. Em minha vizinhança

De andança. Desaparece sua mercadorias

lhe aparece níqueis. Andorinhas ouso

Não às vejo. Vento que lhes conduz

Bate à porta de meus ouvidos, não faz

frio siberiano. Muito luz há

Tapa-me à visão, cega-me do vício

Viçoso vicioso de ver

O falso relicário sendo leiloado

Resta o toque. O palar. Meu

palácio de convenções agridoce.

Escuto o ranger de minhas

mandíbulas. Crocante, duro,

Líquido, salgado. Feitos alimentícios

Boca amarrada, nada escuto, Embora algo sinto

... Um arrepio me transpassa

convalece-me e deixa-me atômico

Surdo porém vivo, Escuto ou ouso

A métrica sinfônica do Mundo

Desordeiro desordenado

Maldito Desencanto

Ânsia ansiosa. Primeiros dias emoção

Vontade, incançaso. Festa e confetes. Algo

novo em formação. Terceiro, quarto dia Náusea

Fazer por fazer sem qualquer divertimento

Algo novo, Agora velho. É um Verdadeiro

Embuste. Batalhar mental, arrastar-se para

Trabalhar. Nada dá prazer. Satisfação

Morta

Nova aurora. Renovada Esperança

Pouco raro tempo. Feliz personalidade

Distinto hedonismo. Alegre falta de Náusea

Retorna o tempo, desventura recobrada

Ciclo desencantado. Guarnições de martelos

Martelam a mantilha. Pesada pobre e rica

Tingida De Mal-Estar. Estandartes em cruzada

Rumo à doce Terra, prosaica relvada Sem Encantos

Somente existe em estado tedioso Sem Ação

Uma nova atividade eis o mesmo enredo

Por que disto, Diabos?

Enquanto Artista

Tens de cantar vossa Arte. De modo á extravasar

Tens de ser único. Seu próprio Universo

Tens de amar-te. De modo que seja seu Amante Eterno

Tens de ser cativante. Seu próprio eu, sempre Autêntico

Não deve ser, prisioneiro do outrem

Ele lhe retira vossa liberdade de pensar de forma autônoma

Não deve ser, cativo da criatividade e esperar que dela tudo venha

Ela lhe ajuda. Mas não é tudo, pois além dela há outras formas de criar. Tédio e Introspecção

Ídolo Narcista. Sempre o maior Crente Fiel de Ti Mesmo

Mestre das rivelías. Invalorizado nunca desiste

Invisto sem qualquer elogio, não desiste

Representante de muitos antecessores

Tal como ele persistentes. Arquiteto

de várias criações, mágico que passa longe do plágio

Semeador de sonhos. Torna-los reais. Cultivador de grãos

silvestres inconscientes, preciosos. Transforma-los em tesouros para quem o enxerga

Um dia a Hora e a Vez batam-lhe à porta

* Inspirado na obra de Charles Baudelaire e Walter Whitman

Helena de La Dauphin
Enviado por Helena de La Dauphin em 28/02/2020
Reeditado em 28/02/2020
Código do texto: T6876175
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