Assombração
A propaganda de televisão anda por aí
inspirando novos terrores.
Ninguém quer mais ir ao banheiro
com medo da moça loura que morreu,
supostamente em um acidente automobilístico,
mas que, na verdade, foi sufocada pelos médicos
com quilos de algodão
na boca e nas narinas.
A moça loura mesmo com a boca tampada
diz que se chama Lídia
e pede que lhe destampem a boca
e o nariz.
A televisão anda por aí inspirando
novas propagandas.
Já apareceu em Lavras, Varginha
e São Paulo.
No colégio os meninos se escondem
nos banheiros das meninas
mas à noite fazem xixi na cama.
(Muita gente grande, se não chega a tanto, quase).
Se fosse no tempo do meu avô
os homens montariam guarda nos banheiros:
era questão de honra ajudar as damas em apuros.
Que damas? Perguntam quando se toca no assunto
pra esconderem que não sabem o que é honra.
Coitada da loura moça/lâmina!
(Que mesmo com a boca tampada
se diz chamar Lídia).
Já não se fazem homens como antigamente.
(Nem damas)
Obs: este poema foi escrito quando eu estava no colégio e correu o boato de que havia uma loura fantasma aparecendo em banheiros. Liguei o boato a uma propaganda de televisão em que uma loura linda aparecia no banheiro de um homem que se barbeava. Foi postado aqui em homenagem ao recantista Fernando Kitzinger Dannemann que publicou a Resenha: Crenças: A Loura do Banheiro.