Um momento, um tesouro

Sentei-me num banco parcimônico

Era frio e pálido, o acinzentado

Tinha ele uma melancólica aparência,

Cheia de retos, de um passado serenoso

Sentei-me de alma esfomeada, alma faminta

Sob um teto azul esbranquiçado

E procurei no ermo das palavras

Aquelas, cheias de letras indecodificadas

Venham-me poemas, cerquem-me poesias

Pois o sol já alumia e a noite foi-se fria

A vida ia junto e também ficava

Do pio do pardal ao canto da cigarra

Queria aquelas palavras, aquelas outras

Que nunca as ouvi, que nunca as li

Porque todas as letras formam um mapa

Para um tesouro cheio de poesias

Palavras formam esmeraldas

Jacintos em forma são letras

Frases de diamantes coloridos

E ametistas feitas de pontuações

Há advérbios de topázios imperiais

Verbos de turmalinas lindas

Vi rubelitas tão predicadiais

E águas marinhas ainda não ditas

Era tudo um momento, era tudo um tesouro

Hugo Deff
Enviado por Hugo Deff em 23/02/2020
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T6872614
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