JANELAS DA MEMÓRIA
JANELAS DA MEMÓRIA
por Juliana S. Valis
Interessante notar como o sol se põe
Entre as memórias e suas mil janelas,
Como se todos conseguissem amar as pessoas
E não apenas idéias que fazemos delas,
Nesse labirinto de projeções infinitas
Que se perdem entre nossas telas
De celulares, TVs e computadores,
Feito olhares e dores que não sentimos,
Mas apenas idealizamos em algum lugar,
Enquanto as imagens nos distraem de nós mesmos...
Curioso pensar que muitos não curtem as pessoas em si,
Mas apenas idéias que fazem delas,
Enquanto sejam belas em redes sociais,
Entre risos, fotos e aquarelas,
Feito quadros que a memória traz,
Embora nunca pintados de verdade,
Pois muitos curtem mais as vidas virtuais
Do que a própria e lúdica realidade,
Entre memórias de outros carnavais,
Como histórias fotografadas na mente
E só postadas enquanto tentamos rir...
Talvez seja preciso notar que o sol se põe na alma
Mas nem sempre conseguimos vê-lo, de fato,
Pois estamos fotografando ilusões entre carnavais
De imagens e sombras do que não sentimos,
Entre os dias rápidos que se vão atrás
De algum sentido que na vida abrimos,
Além de idealizações superficiais,
Além do mundo, como selfies do tempo,
Tiradas no vento, entre sombras múltiplas,
que apenas esse humano mistério traz.
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