Rio

Curvas de mistério

Então eternas e entalhadas

Na cicatriz profunda

De um vale, puro acaso

E pelos sulcos e cicatrizes

Uma fonte pura e máxima

Enfim, através e sobretudo

Constantemente

O rio.

Embora vagaroso

O rio leva tudo embora

E quando o tempo é pressa

O rio é gota, sem demora

A dura seca e a farta enchente

Nas suas faltas e abundâncias

E não obstante um vestígio

Uma lágrima escondida

O rio.

Águas brandas, águas bravas

Águas brancas, águas breves

No seu aguar e desaguar

O rio é um milagre singular.

Suas águas são totais

E imenso é meu olhar

Que liga do princípio ao fim

Num caminho infinito

O rio.

Eu repouso meus olhos cansados

De quem já viu muitas guerras

E o rio lava minhas feridas

Com a bondade de um Deus

Que absolve um mortal

De seus pecados.

Ele dentro de mim

E eu dentro dele

Ele me leva sem destino

O rio.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 22/02/2020
Reeditado em 27/01/2021
Código do texto: T6871777
Classificação de conteúdo: seguro