A FALA DO SILÊNCIO
Silêncio! A expressividade
de cílios num tremor de pálpebra,
nascentes d' água da lágrimas
são fogos queimando lábios,
lacre selando esta página
que em sal de silêncio verdevejo.
Parece lógico como a álgebra:
quando a dor vai em despejo.
Melhor se aqui cantassem
os batimentos acelerados
do coração. Decerto fosse
fio de foice que ceifaria
o suspense da desarmonia.
Do cochilo bastou um átimo
da displicência de um suspiro,
para se chorar sem lástima.
Por traz de uma nuvem calada
de chuva, um pássaro canta
magia em estranha sentença
do tempo, em sua andança e giro,
de não ser preciso dizer.
Sílabas, valsando mímicas
e o gesto que pensando que pensa
de como fazer da mão, prensa
do amor maior, paixão menor.
Um leve sussurro de tempo
faz rimas com a mensagem cúmplice
das festividades do acaso,
do ocaso, mormaço, abandono.
As sombras de um medo súplice
das mil traições do acaso,
preguiçosa coreografia
desmaia e entardece de sono.
A chuva bate no telhado
e você palpita ao meu lado
Cama de lençóis de sândalos
vontade de ser só preguiça
a grama brilhando em triângulos
riscando a alegria que atiça
o risco de uma só carícia.
O cheiro do café convida
à comunicação curiosa
das palavras silenciosas
que trazem o som da vida.