Melancolia LXIII
Ah
Como é triste eu pensar na tua felicidade.
Imagino que agora esteja dormindo
Sonhando, mas não comigo.
As janelas abertas dissipam o calor da cama
Deixam se esvaziar o coração pela madrugada.
O céu já está cinzento,
aprecio quase todas as noites o sereno.
As nuvens baixas me chamam para voar.
As corujas estão acordadas espreitando minha solidão.
Esperam eu dormir para invadir
meu refúgio.
Já passou a hora de descansar as garrafas.
Fecho os papéis dobrados
Passo a mão no rosto que já não tem feição.
Por ter certeza que o dia vem,
espero.
Os corredores gelados acolhem
o piso de madeira que range no peito.
A formiga sorri enquanto caminha para longe de mim,
ela entende que sou lago quando
caio entre pedras.