O ÚLTIMO DIA DE UM PEQUENO CADERNO
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Pt.1 – A Vida é Migalha
sol amarelo escaldante
e eu sou um: gato escaldado
ou um peito de frango assado?
faxina de manhã, exercícios físicos
pela tarde, na sala de estar
pois quase sempre prefiro
não estar com… gente.
banho de água quente
pra levantar as pálpebras,
quase dormentes...
olhos vazios, livraria vazia
rua vazia, um certo mal estar
ao redor… e não fui apenas
o único que sentiu...
eu vi corpos perfeitos
na tela, de tardinha
pessoas perfeitas,
são todas perfeitas
corpos nus na telinha
a nudez virou arte… afinal.
Noite… amigos, pizza
gente em volta, comendo... pizza
“chove!”, “Tem que chover!”
e não chove… vejo amigos
e tomo coca diet e não devo
mais nada a ninguém.
Eu não preciso mais
me desculpar…
o que eu tinha de pagar
Oh, sim… eu paguei...
mas, quem não deve
a ninguém, está mesmo
cercado de... quem?
afinal uma praça
minha praça, meu banco
o meu banquinho de sempre
pertinho de casa
… a noite acabou.
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PT. 2
O Banco anuncia a Noite (só Minha)
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duas senhoras sem assunto…
sem nada de novo,
e ao mesmo tempo
nada vivo que se mova e que
responda de forma adequada
seus... sorrisos maldosos...
todos se foram, quase todos.
a casa em frente, branca...
é a única coisa mais velha
que elas…
se eu pensar demais
e ficar paranoico, melancólico
começarei a achar que talvez
eu não esteja mesmo aqui, presente.
talvez eu esteja
sentado num banco de praça
em algum outro
lugar do passado,
mas, afinal o caderno
marrom de páginas laranjas
está quase acabado.
E só demorou tanto tempo…
[5 anos]
pois, esqueci numa
gaveta, perdido… e fechado.