Florir
Para Simone Barbour
Já sem tempo e sem memória alguma
Chega-me essa dor de amor
Imprevista, insincera, fria, que me dá febre
Já sem idade para sentir saudades tuas
Chega-me essa dor de amor.
Exposta aos próprios olhos, choro-me
Confusa em saber se te esqueço ou te devoro
Não, não há em mim espaços vazios, vagos
Há em mim uma risada de séculos, tempestades
E uma vontade de abandonar-me por horas
E me sinto um pouco mais viva, não sobrevivente
De minhas próprias turbulências, há uma loucura
Em me adaptar ao lado vazio da cama
Dentro do meu avesso sei que luto por algo
Nem sempre é bom reconhecer-se no espelho
Mas sou capaz de escapar-me e florir novamente.
Milton Oliveira
13fev/2020